domingo, 10 de maio de 2009

Nem cortar os pulsos nem pular de alegria


Fim de tarde quase início de noite formando um cenário bucólico, preferencialmente sozinho fique no princípio de escuro escutando o disco “Além das coisas que não falei”.
Um álbum conceito da banda frederiquense Suburbanos Acústico. São catorze canções e em onze delas levam a assinatura de um dos mentores da banda – Japa – além de tocar de forma menos técnica e mais apaixonado pela música o cara se mostrou um grande letrista no disco.
A primeira música “Além” cria uma certa confusão para o ouvinte, pois o solo de piano da Katryne passa uma falsa idéia de que será uma seqüência de músicas eruditas. A música é muito boa, mas gostaria mais se o solo inicial fosse menor, entretanto como a banda se propôs a ser diferentemente conceitual o objetivo é alcançado já na primeira faixa.
A segunda canção enquanto demo tinha tudo para ser o próximo hit na cabeça da galera, mas algo se perdeu entre a garagem e o estúdio e “O homem chamado ninguém” ficou mais séria e chama atenção para o vocalista. Alemão faz sua primeira aparição impecável nessa faixa.
“Castelo de cartas” é uma canção simplesmente redonda. Aquelas músicas que devem ficar no lado B dos discos para que só as pessoas mais interessadas acessem. A letra é do projeto de jornalista Ander, que além de colocar a faixa três no disco assina em co-autoria com Japa a música tema da banda – “Suburbano sem lar” – que aparece na faixa cinco.
No meio do disco temos uma seqüência que por obrigação preciso rotular de sensacional. Após ouvir Jc Kiss fazendo mágica com o baixo nas canções iniciais, sobretudo em “Lembranças” somos apresentados à “Estrada do sol” a música que deverá ser a de trabalho do cd. Uma música em que os violões são as estrelas da melodia. Vocal perfeito, apesar de que nas versões ao vivo Alemão não tem conseguido atingir a mesmo desempenho, dada a perfeição da versão gravada.
Na seqüência temos uma dicotomia, um drama pensativo quase poético de “O cais” em que se percebe uma conversa perfeita entre violão e piano, como se os dois instrumentos chorassem e lamentassem um ao outro. Chegando na faixa nove temos a menor canção do disco, ritmo acelerado com frases fáceis “Única” tem tudo para ser hit de radio FM. Aquele tipo de canção que prende atenção de quem está trabalhando e ouvindo o rádio. Não é a melhor canção do álbum, mas sem dúvida alguma é a mais comercial.
Fechando a história que se propuseram o disco conta histórias tristes e revelam um grande talento na bateria da Suburbanos Acústico. Kbelo conduz muito bem o ritmo da banda, mas ainda precisa cuidar a intensidade de baterista em álbuns acústico, grande momento do disco é prestar atenção só na bateria, no mínimo um desafio interessante.
Destaca-se na faixa treze a canção “Daily life” a única em inglês. Letra bonita e música melancólica. Mais uma canção que deveria estar no lado B do vinil (se prensado fosse). O que me incomoda um pouco na música é algumas evidências que fazem um atento ouvinte perceber que a música foi composta primeiro em português e depois traduzida e musicada.
“Das coisas que não falei” seria a canção que algum comunicador clichê diria – para fechar com chave de ouro – é sem dúvida alguma uma das senão a melhor música do álbum. Grande destaque para violão e voz na faixa catorze.
O disco amarelo com uma borboleta vermelha na capa dão um charme especial para um dos melhores discos de bandas novas dos últimos anos. Um pop rock com os dois pés bem enterrados na MPB moderna. Suburbanos Acústico anotem esse nome porque vamos ouvir e ver muito a respeito dessa banda.

Um comentário:

Ander disse...

bacana meu velho... só umas informações para rever ai..

mas muito show